2012: Então meu velho, que
mensagem quer transmitir aqui ao seu herdeiro?
2011: Olha rapaz, fui considerado
pelo meu pai, o 2010, um ano difícil, mas pelo que vejo tu vais suplantar-nos
de longe!
2012: Ora, ora… Há quem diga que
vou dar cabo da crise!
2011: Típica da juventude essa
arrogância, ou será da tua mãe canadiana?
2012: Deixemo-nos de conversa.
Afinal quer deixar a sua mensagem ou não?
2011: Vamos lá então. Gostava que
durante o teu ano fosse implantada a Monarquia.
2012: Isso já é pedir muito, não
acha?
2011: Então pelo menos que os
monárquicos se unam e consigam passar a mensagem…
2012: Já me parece mais razoável,
meu velho. Deve ser a única coisa em que concordo consigo…
2011: Espera, há mais! Ou pensas
que só há uma tarefa a cumprir num ano? Não és nenhum político…
2012: Está bem, está bem! Diga lá
de sua justiça.
2011: Tens de lutar para que a
voz do povo seja finalmente ouvida.
2012: Está maluco? Então não
existe uma coisa chamada Assembleia da República, onde estão sentados uma data
de senhoras e senhores eleitos pelo povo?
2011: Pois sim, mas em primeiro
lugar, muitos nem sequer votaram, votaram em branco ou nulo. Em segundo lugar,
há quem tenha votado, não por convicção mas por voto útil ou voto de raiva.
Assim, a dita Assembleia, não representa verdadeiramente o povo.
2012: Então mas que quer que eu
faça? Ai, ai, ai… Já me está a dar trabalho demais…
2011: Queria que tu abrisses os
olhos às gentes e mostrasses que há outros caminhos, outras formas de
representação e de participação na política. Queria que transformasses ovelhas
em homens. Já agora, gostava que conseguisses que alguns dos valores mais
importantes numa sociedade voltassem a ter dignidade, como a honra e a palavra,
por exemplo…
2012: O pai é um sonhador. Vive
noutro ano, mesmo.
2011: Afinal concordas, ou não?
Queres deixar a tua marca na História dos anos, ou não?
2012: Se isso der direito ao dinheiro
do prémio Nobel, até quero…
2011: Tudo o que te ensinei não
serviu de nada? Não viste o que se passou com as PPPs e o Parque Escolar, por
exemplo? E as Novas Oportunidades? Nem falo de mais nada… Não deixes que te
façam o que fizeram aos meus trisavós, bisavós, avós e pais. Tens de mostrar
que vais mudar tudo.
2012: Não posso prometer, mas
posso tentar. Preciso é que este povo me ajude. Adeus pai.
2011: Adeus filho. Não esmoreças
e não te esqueças do passado. Sem ele não há futuro e o teu filho não nascerá.