quarta-feira, outubro 19, 2011


18 de Outubro de 2011. Toda a manhã numa inquietação.
12h 50m. Hora de almoço. Desço no elevador com outros, em silêncio. Saio e caminho depressa para as escadas ansiando o ar fresco, já de cigarro na mão.
As lágrimas não esperaram. Silenciosas, amargas, sem controlo.
Estranho. Abano a cabeça tentando sacudir o incómodo. Não resulta, e de cabeça baixa acendo o cigarro. Uma gota libertária salta para o dedo e molha o cigarro.
Dou uns passos esperando que o objectivo almoço seja distracção suficiente para acabar com o disparate. Nada a fazer.
Cedo. Porque não? Tantos e tantos anos de roubos, enganos, ganâncias, corrupções, impunidades, e nós revoltados, angustiados, impotentes. As vozes que não são ouvidas. Nem antes, nem agora.
Queremos acordar do pesadelo e não nos deixam. Não há luz ao fundo do túnel porque já não há túnel. Continuam a soterrá-lo usando sempre as mesmas pás.
Afinal, choro por Portugal. Deixem-me ter esta fraqueza. Hoje.
Amanhã vou escavar o túnel com as minhas pás. 

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