A minha casa é esta. Neste
Alentejo especial, amancebado com Ribatejo e Beira Baixa. No entanto, nem agora
é minha nem provávelmente virá a ser.
Grande parte das memórias de infância
está aqui. Memórias solitárias e memórias partilhadas com irmãos e primos.
Estão cá as folhas dos concursos
de desenho que a avó organizava para os nossos pais, com a respectiva classificação,
que incluía menções honrosas. Às vezes o mais novo também ganhava o primeiro
prémio.
Estão cá as sebentas que a avó
comprava para cada um dos netos com esperança de que tivéssemos tanto jeito para
o desenho como nossos pais.
Ao serão, sentávamo-nos todos à volta
da camilha, os pés dependurados das cadeiras demasiado altas, e à luz do
candeeiro a petróleo cuja chama a avó ia regulando numa rodinha, sempre com
atenção para que a rede da chaminé não se queimasse, esforçávamo-nos para que
daquelas páginas de papel saísse qualquer coisa de genial. Não saía.
Pode a casa até cair de um dia
para o outro. Se cá estiver, morro na casa que quero como minha. Afogada nas
memórias e feliz.
já que fala nesse alentejo, poderá dar uma olhadela no seu futuro... em http://p-m.blogs.sapo.pt/
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