Quando aqui cheguei, por aqui querendo dizer ao campo, ao Alentejo, à quinta da minha avó, já vinha com o coração apertado pelo que tenho visto passar-se há longos anos no País. Queria descansar e acalmar.
Encontrei um estado da nação similar, e o coração quase parou. Nem aqui!
O que pouco interessa, como que a servir de fachada, minimamente limpo e com ar quase ordeiro, num cenário montado para português ver.
Meio escondido, mas só meio, tudo o resto. Assustador.
Ervas daninhas tomaram conta dos canteiros, dos vasos, dos caminhos, impedindo-nos de passar. Glicínias e outras trepadeiras que dão belos cachos floridos mas cujos ramos vão insidiosamente ocupando todo o espaço, pendem do alto e já rastejam pelo chão. Buxos e plantas a secar, no limite da salvação. Algumas das árvores que plantei, especialmente as nogueiras, reduziram-se a meros paus mirrados, no meio do matagal. Salvam-se umas pinheiras e uns carvalhos.
O desânimo dura pouco. Arregaço as mangas e trabalho.
Começo pelos cortes, nas trepadeiras, nas silvas, até nas roseiras que taparam a escada para a capela. Há muito para cortar, parece que não tem fim. Corto, corto, corto.
Depois vou tratar das ervas daninhas. Não quero que fique nem uma. Hei-de arrancar todas.
A seguir, rego, à tardinha…
Assim vai este jardim. Esta nação.
A outra Nação, com as suas glicínias, ervas daninhas e plantas mortas, também precisava disto.
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