(texto em contínua evolução pelas
mãos que o ditam, como exercício de memória)
Rua de S. Ciro. Casa da avó para
nós, porque não chegámos a conhecer o avô.
Jantar do dia 25, com toda a
família, o que queria dizer 6 filhos, respectivos maridos ou mulheres e 16
netos. A confusão do costume, correrias, gritos, a alegria do reencontro, mesmo
que nos encontrássemos quase todos os sábados no mesmo sítio.
Uns dias antes chegava o perú do
Alentejo, de comboio, confraternizava alegremente com as galinhas antes de ser
embebedado para o dia de Natal, em que trôpego, tentava circundar os buxos.
Vinham “milhões” de perús em
Novembro, eram engordados na R de S Ciro e vendidos para as embaixadas e
pessoas que iam comprar à porta (Zeca).
No dia 25, íamos chegando, e
corríamos directos para a salinha com porta para o jardim, onde a avó passava
os dias, sentada à camilha, a fazer paciências com cartas minúsculas e já muito
gastas.
Aos sábados entrávamos pelo
portão, depois de tocar um sino. No Natal tínhamos direito à porta principal,
ao lado, e havia uma sala que só era usada nessa altura (Catarina).
Depois do beijo respeitoso à avó
e tios, começava a confraternização, os jogos… Jogar às escondidas naquela casa levava a muitas desistências, porque havia sempre vários que nunca eram descobertos.
A avó montava um presépio grande e
já não sei em que altura chamava todos, acendia uma vela e, de joelhos,
rezávamos e cantávamos ao Menino Jesus.
Das cantigas de Natal que se cantavam, ficou-me para sempre gravada na memória a estridente entoação que o Tio Quito dava á "noiiiiite do carameeeeelo !!!!" do "Entrai pastores, entrai". Todos os anos no Natal, quando oiço esta cantiga tento imita-lo. Mas nunca me sai bem... (Joana)
Das cantigas de Natal que se cantavam, ficou-me para sempre gravada na memória a estridente entoação que o Tio Quito dava á "noiiiiite do carameeeeelo !!!!" do "Entrai pastores, entrai". Todos os anos no Natal, quando oiço esta cantiga tento imita-lo. Mas nunca me sai bem... (Joana)
Quando eram pequenos os tios apanhavam
no jardim o musgo para pôr no presépio. A avó Tim, às escondidas, punha dinheiro em notas
debaixo do musgo com um nome de um pobre da rua. Depois dizia que aquele musgo
já estava seco, as crianças tiravam-no, viam as notas com os nomes e iam dar as
notas a essas pessoas, como se fosse um presente do presépio (Tia Bió).
A Ana Rita era posta em cima de
uma mesa a imitar a Madre Rosa das Escravas (Catarina).
O jantar era numa mesa gigantesca,
e aquele perú recheado não se compara com mais nada que tenhamos comido no
resto das nossas vidas.
Nem me lembro bem dos presentes.
Havia é claro, mas a lembrança de estar juntos é que fica.
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