http://pt.wikipedia.org/wiki/TGV |
O assunto TGV, também conhecido por Temos Grande
Vigarice, vem à tona ciclicamente e os ciclos têm-se tornado cada vez mais
curtos, porque não há maneira de sabermos em que é que ficamos.
Voltando atrás, o chamado clube dos 5 daqui e o
clube dos equivalentes no país vizinho, com o alto patrocínio da oligarquia bruxelense,
acharam que era uma grande ideia (bem desconfiamos quem lhes vendeu a dita
ideia) ter um comboio caríssimo em alta velocidade, ligando Lisboa a Madrid.
Vai daí, alta propaganda da ligação à Europa, do
fim do periferismo deste recanto, de um país só ser realmente um país “moderno”
com TGV, de uma obra para a história, enfim, o costume.
Nunca disseram ao povo aquilo que o povo
certamente teria direito de saber. Não era necessário, pois então? Para quê? Os
senhores engenheiros e políticos é que sabem!
E algumas perguntas simples na altura seriam, por
exemplo, quanto se iria gastar de fundos comunitários e nacionais, quanto tempo
ficaria Portugal a pagar (ou seja, até aos trinetos ou ad aeternum?), se seria
rentável e quando (http://youtu.be/3jR5dZ9aAHg),
se não era rentável, quanto nos custaria por ano…
Depois começaram a falar em suspensão por causa
da falta de dinheiro. Suspensão… Não desistência.
A seguir aparece a ideia do comboio de mercadorias
para ligar ao Porto de Sines. Não tardou em passar ao TGV Light, mágica solução
contra a obesidade (embora os médicos já tenham avisado que os produtos light são enganadores). Agora falam em
sanduíche mista.
Um dos argumentos mais invocados é a perca de
fundos comunitários. Ora essa… Então não é a própria Europa que sabe a situação
em que estamos e supostamente até nos está a ajudar? Se quer o nosso bem e projectos
com cabeça tronco e membros, vai financiar um que nem é rentável? Afinal quem é
que não é bom gestor? Ou será que é por haver empresas de determinados países
que estão interessadas em vender e por isso a tal senhora Europa fecha os
olhos?
Será que Portugal
vai cair na asneira da Grécia e desatar a comprar coisas caríssimas a empresas
de certos Estados membros mesmo que não precise delas (a Grécia, já em
austeridade foi empurrada a comprar fragatas e submarinos, ver “Broke?
Buy a few warships, France
tells Greece” ou
aqui “Greece
announces agreement on German U214 submarines”).
Se a Europa quisesse verdadeiramente o
desenvolvimento dos Estados membros, só poderia ver com bons olhos que, em
alternativa a projectos megalómanos e ruinosos, se aplicassem os mesmos fundos
na melhoria das ligações ferroviárias e rodoviárias já existentes. Ou não?
Quanto à linha de mercadorias, é mesmo aquela
linha que é necessária, ou será outra linha noutro sítio? O que serve melhor os
interesses das empresas exportadoras? São esses interesses que deviam estar em mais
jogo, não é? Os das importadoras supostamente não deviam interessar tanto… E querem
à viva força ver se a cratera Porto de Sines diminui o buraco, esquecendo-se
que é um elefante branco sem salvação, e nos devíamos voltar antes para encontrar
soluções que reanimem a economia portuguesa, a indústria portuguesa, a
agricultura portuguesa.
Ainda ninguém percebeu em que ficamos afinal. E
continuamos a querer respostas a perguntas, opiniões de especialistas na
matéria e independentes, estudos de viabilidade…
Por isso, seja qual for a decisão, a sociedade
civil tem de deixar de ser manipulada e passar a ser exigente. Exigir essas contas,
estudos e opiniões independentes de todos os sectores.
Já agora, a manterem-se estas teimosias, se me permitem, gostava de um
referendozinho, para ter finalmente a oportunidade de expressar o meu veemente NÃO com força de lei.
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