quinta-feira, agosto 11, 2011

Sem bolsos


Hoje abri a caixa de costura.
E com linha preta, dupla, enfiada em agulha grossa,
pespontei e silenciei todos os meus bolsos.
Um a um.

Porque um a um foram rasgados, pilhados e despejados,
sem contemplações nem misericórdia.
Vazios de sentido, mesmo quando o perto do nada é o quase infinito.

Sobram uns tímidos sonhos, talvez,
mas esses não vivem nem cabem nos meus bolsos.
Mergulham, ofuscando, nos meus olhos.


Leonor Raposo
10/08/11

2 comentários:

  1. É isso mesmo Leonor: há que pôr-lhes, de preferência de forma bela e civilizada como aqui o fazes, a «conta» *a frente. É preciso que vão tendo a noção de quanto nos andam a roubar, para lá mesmo do cálculo dos cifrões!..
    beijos!

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  2. Muito Bom, Leonor. Gosto mesmo. Continue!

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