O dia 48 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, dezembro 28, 2012
terça-feira, dezembro 25, 2012
O presente
Permite-me que te dê uma palavra,
Bem embrulhada em papel colorido
E com fita a preceito.
É o meu presente.
Desembrulha,
Mas com cuidado.
Pode-se partir.
Leonor Raposo
25/12/12
sexta-feira, dezembro 21, 2012
Do Natal
O dia 47 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, dezembro 14, 2012
Do "acordo"
O dia 46 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, dezembro 07, 2012
Dos livros
O dia 45 no Eternas Saudades do Futuro
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domingo, dezembro 02, 2012
A carta
“…És as minhas asas. Vens voar?”
Pousou a caneta de tinta
permanente que o acompanhava sempre, presente do seu querido avô pelo exame da
quarta classe, e suspirou.
Levara uma noite sem horas, mil
noites sem horas, mas finalmente chegara ao fim. Aquilo era A carta. Decidiu-se
a reler e, aliviado, dobrou o papel, meteu-o no sobrescrito sóbrio, e fechou-o.
E agora? Comprava flores para
acompanhar a sua alma? Quando finalmente tinha decidido imprimir em papel o que
há anos estava impresso na sua pele, no seu corpo, na sua mente, não se
conseguia decidir. Nunca tinha pensado que haveria outras coisas para decidir. O
importante era a carta. Sempre fora.
A princípio achara ridículo
escrever uma carta. Aliás nem pensara em escrever nada. Nem pensara. Os
sentimentos tinham-se instalado sem licença, comodamente e sem barulho. Umas
pequenas ânsias de vez em quando e era tudo. Quando dera por ele, já não
conseguia desalojar o que sentia.
Depois, quis descartar. Era coisa
impossível, ela rir-se-ia, não tinha futuro... Tinha de esquecer. Mas à parte
as temporadas em que se embrenhava totalmente nos seus hobbies, não conseguia.
Qualquer coisa lhe prendia a voz
e não conseguia dizer-lhe nada que não fosse trivial. Tentava uma aproximação
mas desistia.
Foi então que decidiu
escrever-lhe. À antiga. Uma declaração de amor, pronto. Mas as palavras não se
alinhavam como queria, pareciam-lhe ora ocas ora demasiado fugidias, e por isso
ia adiando o sentar-se à secretária.
Quando finalmente se sentou à
frente do papel de carta, olhava e não escrevia. Como se escrever fosse matar o
que sentia. Habituou-se àquelas horas sentado a olhar para um papel em branco.
Quando se resolveu a pegar na
caneta, as palavras eram tão tontas que as rasurava com todas as forças. Cheio
o papel de palavras tontas, acabava por desistir e transformava-as em bolas que rodeavam o cesto dos papéis. Basquetebol nunca fora o seu forte.
Recomeçava sempre. Já que
começara…
Havia dias em que olhava pela
janela, via a mudança das estações nas poucas árvores que tinha direito a ver,
e duvidava… Largava a caneta, raivoso e questionava o que sentia. Vale a pena?
Atacara o branco como se o
quisesse matar. De amor.
Agora estava ali. Conseguira
escrever o que nunca conseguira dizer e gostava do que lia.
Decidiu-se por simples margaridas
porque rosas encarnadas, não.
Mandou a florista entregar na
morada certa e a custo deu-lhe o sobrescrito.
No dia seguinte, ela respondeu-lhe.
No jornal, secção da necrologia.
Leonor Raposo
Leonor Raposo
sexta-feira, novembro 30, 2012
Do 1º de Dezembro
O dia 44 no Eternas Saudades do Futuro
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sábado, novembro 24, 2012
Da saudade
O dia 43 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, novembro 16, 2012
Do património
O dia 42 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, novembro 09, 2012
Dos valores e da política
O dia 41 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, novembro 02, 2012
Do acordar
O dia 40 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, outubro 26, 2012
Dos aviões
O dia 39 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, outubro 19, 2012
Fábula?
O dia 38 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, outubro 12, 2012
Da idade terceira?
O dia 37 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, outubro 05, 2012
Do 5 do 10
O dia 36 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, setembro 28, 2012
Da Europa (II)
O dia 35 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, setembro 21, 2012
Dos restaurantes
O dia 34 no Eternas Saudades do Futuro
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segunda-feira, setembro 17, 2012
Reflexos
Sempre se sentira desamada. Mais mal-amada, talvez. Ou menos
amada do que amava. Não sabia bem explicar.
Sofregamente procurava o olhar dos outros em busca da
palavra maldita. Em todos ansiava ver esse amor que jurava nunca ter conhecido. Sofregamente queria tudo, mesmo o fingido. Sobretudo o fingido. E
perdia-se.
Até o espelho entrava nesse jogo do desamor. Daí a colecção
de espelhos. Procurava-os nas lojas, feiras e antiquários tão sofregamente como procurava os olhares.
Quando chegava ao seu apartamento com uma nova compra,
pendurava-a, sempre no mesmo prego, colocado de propósito no quarto para esse
fim. Depois, afastava-se um pouco e fechava os olhos. Uns segundos infinitos de desassossego depois, reabria-os, expectante da surpresa de finalmente se encontrar. Amada.
Não, aquele ainda não. Nunca era... Meio conformada mas angustiada, acabava por empilhá-los um a um no chão, encostados às paredes, a aguardar aquele dia. O da libertação.
Quando estava sozinha, doía, mas doía tanto… Uma dor difusa, uma desinquietação entre o pescoço e a pélvis, que apertava, apertava tanto... Enchia-se então de
ben-u-rons, arranjava um saquinho de água quente, e sem saber porquê surgia-lhe a ideia estranha de que a
dor da solidão era afinal quase gémea da que sentia quando estava a apaixonar-se.
Ontem encontrara um olhar. Não era fingido, pensou, talvez
este…
Olhava agora a cama com um sorriso doce. Fechou cuidadosamente a porta e
saiu para comprar um espelho.
sexta-feira, setembro 14, 2012
De política e partidos
O dia 33 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, setembro 07, 2012
De notícias
O dia 32 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, agosto 31, 2012
Do Alentejo, do campo e dos urbanos
O dia 31 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, agosto 24, 2012
Da revolta
O dia 30 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, agosto 17, 2012
Das férias
O dia 29 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, agosto 10, 2012
Da Tall Ships Race
O dia 28 no Eternas Saudades do Futuro
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sábado, agosto 04, 2012
Grito
Se um dia contasse a sua
história, começaria assim, num dia cinzento. Não que ele o seja, mas o
destino o ditou ou, para dizer a verdade, porque me apeteceu.
Nesse dia, o tal cinzento, com pequenos rasgos prometendo o fatal azul da tarde, saíra cedo de casa sem hesitações em direcção ao campo. Gostava de o ver pela fresca,
pontilhado pelo orvalho.
Parou na berma da estrada junto a uma seara de trigo. Já era a única na região. Chamara-lhe sua, dera-lhe um nome dos seus, porque era uma sobrevivente, como ele da guerra.
Saiu do carro e meteu-se seara adentro, sem rumo nem leme. As cigarras calavam-se, respeitando a medida dos seus passos. Até que foi ilha no meio daquele mar. Uns corvos levantaram voo grasnando, com medo da ilha.
Saiu do carro e meteu-se seara adentro, sem rumo nem leme. As cigarras calavam-se, respeitando a medida dos seus passos. Até que foi ilha no meio daquele mar. Uns corvos levantaram voo grasnando, com medo da ilha.
Ali parado e vieram a correr cores, cheiros, sons, todos seus, mas que por ali andavam à rédea solta.
Enquanto caminhara até ao meio da
seara, os pensamentos do mundo, o outro, não o largaram, reclamando aos gritos, sem cessar, direitos exclusivos de espaço, talvez intuindo o seu iminente despejo.
Enfim chegara o vazio. Recomeçaria, na mudez da seara.
Devagar, começou por pronunciar em silêncio o seu nome. Mastigado. Deu-lhe depois voz, em sussurro, e continuou, em crescendo, até gritar bem alto o seu eu, esperando eco.
Retomado o silêncio, pronunciou o nome dela. Sem mastigar. Repetiu o processo até o grito lhe sair da garganta.
Foi então que voltaram os corvos.
Enfim chegara o vazio. Recomeçaria, na mudez da seara.
Devagar, começou por pronunciar em silêncio o seu nome. Mastigado. Deu-lhe depois voz, em sussurro, e continuou, em crescendo, até gritar bem alto o seu eu, esperando eco.
Retomado o silêncio, pronunciou o nome dela. Sem mastigar. Repetiu o processo até o grito lhe sair da garganta.
Foi então que voltaram os corvos.
sexta-feira, agosto 03, 2012
Do orgulho
O dia 27 no Eternas Saudades do Futuro.
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sexta-feira, julho 27, 2012
Do meio aniversário
O dia 26 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, julho 20, 2012
De alguns defeitos e virtudes dos portugueses
O dia 25 no Eternas Saudades do Futuro
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segunda-feira, julho 16, 2012
A exposição na Junta
Há uns meses, não muitos, aconteceu uma exposição de fotografias em aldeia remota no Alentejo. Na Junta de Freguesia, uma casa minúscula à Estado Novo, barra de ocre a toda a volta e arco à entrada a dar sombra, nem mais nem menos do que uma das Juntas condenada à extinção sem remorsos pelo governo central. Isto depois de matarem a escola, a extensão do Centro de saúde... Um dia ainda tiram as festas de Agosto. Não sei o que virá a ser da casa e não percebo a poupança que fazem neste caso. Adiante.
À porta um letreiro mandava-nos ir buscar a chave ao café em frente. Assim fizemos, aproveitando para tomar o dito em converseta amena à volta daquelas mesas redondas que mal chegam para uma pessoa mas têm três cadeiras à volta, pelo que só metade de cada corpo chega à mesa, de perfil, uns novos hieróglifos à alentejana.
Lá levámos a chave, presa a qualquer coisa verde, talvez um crocodilo em miniatura, não sei, porque quando se trata de verde quero é esquecer.
Era uma exposição de retratos de alguns habitantes da aldeia, especialmente dos mais velhos, sózinhos e em casal, tiradas por um filho da terra com a máquina antiga do pai. Uma delícia os retratos, alguns mesmo muito bons.
Logo à entrada apareceu um dos retratados a quem pedimos que fizesse de guia e nos fosse identificando quem era quem. Não se fez rogado e começou:
- Este é o Zé, este o Manel, esta é a do Zé, esta é a do Manel...
- Ó homem, então as mulheres não têm nome?
Na verdade achara graça, mas ao mesmo tempo encanitara-me o olvido. Parou espantado, franzindo a testa. Acho que nunca tinha pensado nisso, aquilo saía-lhe naturalmente. Recomeçou e fez um esforço.
- Este é o Zé mais a - uns segundos - Joaquina. Este aqui é o Manel mais a - uns segundos - a, a, Beatriz.
Não aguentou muito mais. As outras continuaram a ser "as dos" respectivos.
Nada a fazer.
Na verdade achara graça, mas ao mesmo tempo encanitara-me o olvido. Parou espantado, franzindo a testa. Acho que nunca tinha pensado nisso, aquilo saía-lhe naturalmente. Recomeçou e fez um esforço.
- Este é o Zé mais a - uns segundos - Joaquina. Este aqui é o Manel mais a - uns segundos - a, a, Beatriz.
Não aguentou muito mais. As outras continuaram a ser "as dos" respectivos.
Nada a fazer.
sexta-feira, julho 13, 2012
Da verdade e da mentira
O dia 24 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, julho 06, 2012
Da competência
O dia 23 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, junho 29, 2012
Da "silly season"
O dia 22 no Eternas Saudades do Futuro
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quarta-feira, junho 27, 2012
Hoje, os olhos
de todos os portugueses estarão postos em vós, e vêm-nos à memória ecos da
nossa história antiga: Atoleiros, Aljubarrota, primeiro de Dezembro de 1640…
Sois herdeiros dessa brava gente
cuja vontade férrea moldou Portugal. Sois herdeiros desses avós egrégios que
ireis cantar antes do jogo.
Como eles esperamos que sejam
bravos, que não se deixem esmorecer, que lutem até ao fim, levantando bem alto
o nome da nossa Pátria, da nossa gente.
Basta-nos isso e estaremos
convosco em todas as horas. Nas vitórias e nas derrotas.
Vamos a eles!
sexta-feira, junho 22, 2012
Sem título
O dia 21 no Eternas Saudades do Futuro
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domingo, junho 17, 2012
sexta-feira, junho 15, 2012
Do futebol
O dia 20 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, junho 08, 2012
Vernissage
O dia 19 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, junho 01, 2012
Imagino-te a escreveres-me cartas
de amor.
Cuidadosamente escolhes as
palavras enquanto brincas com a caneta.
Tinta permanente.
Cuidadosamente dobras o papel em
três,
desdobras para reler,
tornas a dobrar.
Cuidadosamente o papel dobrado em
três
desliza para dentro do
sobrescrito.
Cuidadosamente escreves-te como
remetente.
Cuidadosamente escreves a morada
da destinatária.
Descuidadamente não é a minha.
01/06/12
Do destino
O dia 18 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, maio 25, 2012
Das máquinas
O dia 17 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, maio 18, 2012
O ego quoque faz 8 anos
Oito anos mas não consecutivos....
Houve anos só com duas entradas e um ano não teve mesmo direito a nenhuma.
Nesse primeiro dia, 18 de Maio de 2004, começou assim:
http://egoquoque.blogspot.pt/2004/05/comecei.html
http://egoquoque.blogspot.pt/2004/05/o-que-vai-ser.html
Da memória
O dia 16 no Eternas Saudades do Futuro
http://do-futuro.blogspot.pt/2012/05/carteira-de-senhora_18.html
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sexta-feira, maio 11, 2012
Do ofício de escrever cartas?
O dia 15 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, maio 04, 2012
Europa
O dia 14 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, abril 27, 2012
Do cabeleireiro
O dia 13 no Eternas Saudades do Futuro
http://do-futuro.blogspot.pt/2012/04/carteira-de-senhora_27.html
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sexta-feira, abril 20, 2012
Da grei
O dia 12 no Eternas Saudades do Futuro
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terça-feira, abril 17, 2012
Dizei-me!
Dizei-me!
O que podemos fazer para deter
esta insanidade que tomou de assalto Portugal há anos antes que nos destrua
por completo?
Disseram-nos que é pelo voto que
mandamos e mudamos.
Votei. Votámos.
Não ouço lá a minha voz nem a de
muitos.
Disseram-nos que temos liberdade
de nos manifestar.
Estive em várias manifestações. Estivemos.
Não ligam, por maiores que sejam.
Disseram-nos que temos liberdade
de expressão.
Usamo-la todos os dias e alguns (poucos) jornalistas e pensadores denunciam e alertam.
Não ouvem.
As liberdades são todas ilusórias. Têm-nas uns poucos. Há liberdade apenas para roubar, trair e mentir.
Então, o que é que neste sistema político nos permite sermos ouvidos?
Então, o que é que neste sistema político nos permite sermos ouvidos?
Dizei-me!
O sistema é um mero jogo insidiosamente viciado, espartilhado, que invoca o perigo de
envenenamento para que ninguém fora dos partidos possa alguma vez interferir
na panela.
O que existe?
Dizei-me!
Uma ILC? Que lei se proporia na ILC, uma armadilha que, a final, vai ser sujeita à
aprovação dos mesmos? Só com 10 milhões de assinaturas se poderia pensar que ela fosse tida em conta...
Como foi possível não darmos por
isso e não resistirmos perante este divórcio litigioso entre povo e país? Um
divórcio agravado, pois bem vemos que o povo vive num planeta e o poder noutro.
Que faço? Que fazemos? Não quero mais sentir-me impotente. Não quero fingir que nada se passa. Não basta a revolta que nos revolve as entranhas.
Dizei-me!
Não posso ficar de braços cruzados assistindo à morte do meu
País. Salvem-no!
Como?
Alguém que me (nos) ajude, depressa. Tenho medo de desistir.
Dizei-me!
domingo, abril 15, 2012
Sílabas
Num tom que não admitia
contestação, declarei do alto dos meus três anos que queria ler. Não me lembro
da resposta mas deve ter soado a hesitação porque não mais larguei o assunto
até forçar uma rendição total.
Comecei então a ver a mãe a
recortar fotografias de revistas e a guardá-las. Intrigou-me, aquele mistério.
Parecia uma brincadeira que me estava vedada, e olhava entre o curiosa e o
zangada aqueles recortes coloridos. Até que um dia percebi: do desvelo de mãe saiu
um dossier pequeno, com algumas folhas
brancas. Nestas, cuidadosamente seleccionados estavam colados os tais recortes
de revistas e, à frente de cada boneco, uma letra.
Finalmente ia ler! Sofregamente
absorvi as letras e depois as sílabas, obrigando a desesperada mãe a pensar em
palavras que pudesse construir com o já aprendido e voltar às revistas para
encontrar os bonecos adequados. Ainda me lembro da folha que tinha um cavalo. Já
na altura era uma paixão, e o conseguir ler o nome da coisa amada comoveu-me. Tinha
conseguido! O dossier foi aproveitado para o irmão seguinte, mas o interesse
não era o mesmo, e quando chegava ao cavalo, olhava para a mãe com ar
triunfante e dizia sempre: Égua! Acho que ficou por ali.
Em casa da avó, na Rua de S. Ciro
ou no Alentejo, a mãe conseguia descansar um pouco da minha impaciência e dava
lugar à avó. Sentadas à camilha, eu numa cadeira com várias almofadas que me
faziam ter os pés ainda mais longe do chão, começava a lição. A avó pegava num
livro qualquer e com o seu vagaroso dedo indicador ia apontando as palavras que
eu tinha de ler e das quais não tinha a mínima ideia o que significavam. Eram
sílabas. Lindas. Uma vitória saborosa. De vez em quando, aquele carinhoso dedo enrugado
tapava as minhas sílabas e eu, chorosa, chamava a mãe em meu auxílio: Ó mãe, a
avó não me deixa ler!
Pouco a pouco deixaram-me à
solta, e aos cinco, lia os livros da Enid Blyton, “Os Cinco”, não percebendo
metade e perguntava sempre à mãe o que era “um fim emocionante”.
Em casa da mãe havia tudo. Pude
ir devorando sílabas. Portuguesas primeiro, mais tarde as francesas e inglesas.
Passaram também a ser minhas, estas.
Num dos escritórios no Alentejo estavam
os livros mais infantis, os da Condessa de Ségur, com gravuras e ortographia da
época. Minha querida Sophia, como sofri com os teus desastres!
Na sala havia uma pequena estante
com livros fascinantes que me acompanharam vida fora. Na prateleira de baixo
estavam os livros de estudo da minha avó e tias-avós, e os que serviram também
a mãe e tios. Passei férias inteiras a aprender francês, inglês, história e
geografia em livros do séc. XIX ou princípios do séc. XX, cujos exercícios
passava para um caderno comprado na vila.
Já mais velha lia os da
prateleira de cima, romances cor-de-rosa, como “John chauffeur russo” ou “Água
pela barba”. As histórias das meninas pobres e príncipes ou vice-versa,
repetidas à exaustão com diferenças que nos davam a ilusão de ser uma outra
história, quando afinal era a mesma…
Ainda hoje, quando entro nessa
sala, o meu olhar se vira para a estante, onde estão os livros que contêm as
minhas sílabas. Ainda lá estão, elas. Bem guardadas.
sexta-feira, abril 13, 2012
Da ida à terra
O dia 11 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, março 30, 2012
Da insatisfação
O dia 10 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, março 23, 2012
Trabalho
O dia 9 no Eternas Saudades do Futuro
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terça-feira, março 20, 2012
sexta-feira, março 16, 2012
Ciclovias
O dia 8 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, março 09, 2012
Da condução
O dia 7 no Eternas Saudades do Futuro
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sábado, março 03, 2012
sexta-feira, março 02, 2012
O carro
O dia 6 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, fevereiro 24, 2012
Monarquia
O dia 5 no Eternas Saudades do Futuro
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terça-feira, fevereiro 21, 2012
A angústia das quintas
Escrever no blogue de outra
pessoa, com prazo a cumprir, está ser complicado.
Neste blogue, só meu, escrevo ou
preencho vazios quando e como bem me apetece, não há regras, pressão ou exigência.
Também por isso se encontram aqui das piores coisinhas da blogosfera, mas sou
mulher para assumir o fraco, o fracote, o mau e o péssimo, que perfeitinho não
há quem, sei lá eu se o que vejo noutros é uma aparência bonitinha com muito
lixo debaixo do tapete…
Tendo que entregar o texto quinta-feira
à noite, gostava eu que na segunda-feira estivesse pronto. Gostar, gostava, mas
gostar ainda não é comandável. Sábado, domingo, segunda, terça, nada, nem uma
pista. Três textos começados há umas semanas estão bloqueados. Invariavelmente todas
as sextas-feiras faço um ataque cerrado de artilharia e cavalaria aos três, dizendo
a mim própria que é desta! mas acabo por desistir. Não gosto, pronto.
Chega então a quarta-feira e
começo a entrar em pânico. E agora? Uma espécie de “coisa” começa a desenhar-se,
ainda não percebi bem onde, nem como, mas penso que muitas vezes enquanto ando,
vá-se lá saber porquê (será o único tempo de cérebro mesmo livre? Ainda sou
atropelada…) Escrevinho umas frases. Odeio sempre. Uma porcaria. Fecho rapidamente
o Word ou o caderninho, consoante o caso.
Quinta-feira. Tem mesmo de ser!
Começo de novo ou olho para o horror de quarta? Que faço eu com isto? Agarro-me
com unhas e dentes e dedos e braços e tudo e lá aparece o que parece um texto. Tirado
a ferros, à pressa. Ao ler é só defeitos a saltarem para o meu colo. Num
angústia de adolescente apaixonada apresso-me a enviá-lo, antes que me
arrependa.
Amanhã é quarta!
sexta-feira, fevereiro 17, 2012
A cantina
O dia 4 no Eternas Saudades do Futuro
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sexta-feira, fevereiro 10, 2012
Calçada portuguesa
O dia 3 no Eternas saudades do futuro
http://do-futuro.blogspot.com/2012/02/carteira-de-senhora_10.html
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domingo, fevereiro 05, 2012
Utilizador-pagador?
O sistema utilizador-pagador até tem lógica, não fosse ele aplicado a serviços públicos já pagos com os impostos de todos nós.
Depois de introduzir portagens nas SCUTs, que nós já pagámos, continuamos a pagar e, graças às PPPs, até os nossos bisnetos pagarão, decidiram os governantes que ajudemos a pagar o buraco que alguém fez nas empresas de transportes públicos.
Começaram com a ideia do costume: paga o utilizador-pagador! Toca de aumentar os passes sociais.
Só que tal aumento não veio só. Cabeças iluminadas resolveram estender o conceito de utilizador-pagador.
Gostava mesmo de saber quem teve esta brilhante ideia: quem utiliza um transporte público paga todos.
Ora bem, estão a fazer isto de forma gradual, para que os utilizadores-pagadores não se apercebam, mas já percebi que o meu passe actual, que é só para os autocarros e ainda assim só para Lisboa, vai acabar a partir do próximo ano.
O que quer isto dizer? É muito simples.
O utilizador-pagador vai passar a ser um pagador-não utilizador.
Quem só entra em autocarros, vai ser obrigado, insisto obrigado, a comprar um passe que abrange autocarros, metropolitano e comboios (mas só alguns!).
Ora se não ando de comboios, e de metropolitano apenas esporadicamente, (a hora de ponta é terrível e tenho um pouco de claustrofobia) e podendo, se os quiser usar, comprar bilhete na altura, porque raio é que tenho de comprar passe para os 3?
Então agora quem não usa também paga? A que propósito? Não basta que já os paguemos com os impostos? Ainda temos de pagar mais?
Abusos. Pensam que já começamos a estar anestesiados.
Não estou.
PS: Um passe a 35 €, para quem vive e trabalha em Lisboa, faz compensar andar de carro ou ir a pé. Estou a cerca de 40 minutos do trabalho. Caminhar até me faz bem. Aos bolsos e à figura.
sexta-feira, fevereiro 03, 2012
Políticos...
O dia 2 como convidada no blogue Eternas Saudades do Futuro
http://do-futuro.blogspot.com/2012/02/carteira-de-senhora.html
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sexta-feira, janeiro 27, 2012
quinta-feira, janeiro 19, 2012
Não nos calemos
No dia em que estiver para ser aprovada a extinção dos feriados, TODOS deviam ir àquele sítio onde era suposto o povo estar e não está e que nas grandes ocasiões decide contra ele sem nunca lhe perguntar.
Temos de ir para a rua! Mostrar o que pensamos contra os vendidos! Indignarmo-nos!
domingo, janeiro 15, 2012
Do corte de feriados
Sabendo que vou ser insultada e
por quem não me conhece, no mínimo chamada de preguiçosa. Além de superficial.
E ignorante. Estou muito ralada.
Acabar com feriados não é reforma
estrutural.
Acabar com feriados é falta de
imaginação.
Acabar com feriados é foleiro.
Acabar com feriados é como acabar
com o pastel de nata.
Acabar com feriados é parolo.
Acabar com feriados é querer esquecer a
História.
Acabar com feriados é saloio.
Acabar com feriados é penalizar
quem trabalha.
Acabar com feriados é para dizer
aos donos europeus que se fez uma reforma não fazendo.
Acabar com feriados é ridículo.
Acabar com feriados é tapar o sol
com uma peneira.
Acabar com feriados é querer
aproximar Portugal do país que nos compra.
Acabar com feriados é deixar de
celebrar o que deve ser celebrado.
Acabar com feriados é tentar
apagar a memória.
Acabar com feriados é vender
património.
Acabar com feriados é querer
anular as identidades nacionais.
Afinal não será isto que se
pretende, sob a capa da competitividade?
sexta-feira, janeiro 13, 2012
Premissas equivocadas
Acreditar na bondade do Homem,
até prova em contrário.
Ainda assim, dar outra
oportunidade.
Concluir que a
primeira premissa estava errada.
Mudar a premissa.
Acreditar na maldade do Homem,
até prova em contrário.
Voltar a dar outra oportunidade.
Mudar a premissa...
sábado, janeiro 07, 2012
Não quero perder
Um sorriso teu, sonhado.
As gargalhadas da filha no espaço, no tempo e na alma.
As memórias. Os cheiros. Os sons.
Aquela luz do fim do dia que
escreve tão bem na paisagem alentejana.
A capacidade de chorar. A de me revoltar.
A de sempre me encantar.
Neste casino ganho eu.
Neste casino ganho eu.
sexta-feira, janeiro 06, 2012
De James Thurber
http://whisperinggums.wordpress.com /2010/05/02/james-thurber-the-lady-on-the- bookcase/ |
Havia um livro dele lá em casa, acho que o "Men, Women and Dogs".
Um dos meus desenhadores humoristas preferido.
Desenhos simples com um humor muito próprio.
Para quem queira saber mais,
Alguns pequenos exemplos:
segunda-feira, janeiro 02, 2012
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