domingo, fevereiro 05, 2012

Utilizador-pagador?




O sistema utilizador-pagador até tem lógica, não fosse ele aplicado a serviços públicos já pagos com os impostos de todos nós.
Depois de introduzir portagens nas SCUTs, que nós já pagámos, continuamos a pagar e, graças às PPPs, até os nossos bisnetos pagarão, decidiram os governantes que ajudemos a pagar o buraco que alguém fez nas empresas de transportes públicos.
Começaram com a ideia do costume: paga o utilizador-pagador! Toca de aumentar os passes sociais.
Só que tal aumento não veio só. Cabeças iluminadas resolveram estender o conceito de utilizador-pagador.
Gostava mesmo de saber quem teve esta brilhante ideia: quem utiliza um transporte público paga todos.
Ora bem, estão a fazer isto de forma gradual, para que os utilizadores-pagadores não se apercebam, mas já percebi que o meu passe actual, que é só para os autocarros e ainda assim só para Lisboa, vai acabar a partir do próximo ano.
O que quer isto dizer? É muito simples.
O utilizador-pagador vai passar a ser um pagador-não utilizador.
Quem só entra em autocarros, vai ser obrigado, insisto obrigado, a comprar um passe que abrange autocarros, metropolitano e comboios (mas só alguns!).
Ora se não ando de comboios, e de metropolitano apenas esporadicamente, (a hora de ponta é terrível e tenho um pouco de claustrofobia) e podendo, se os quiser usar, comprar bilhete na altura, porque raio é que tenho de comprar passe para os 3?
Então agora quem não usa também paga? A que propósito? Não basta que já os paguemos com os impostos? Ainda temos de pagar mais? 
Abusos. Pensam que já começamos a estar anestesiados. 
Não estou.

PS: Um passe a 35 €, para quem vive e trabalha em Lisboa, faz compensar andar de carro ou ir a pé. Estou a cerca de 40 minutos do trabalho. Caminhar até me faz bem. Aos bolsos e à figura.


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