Estou numa revolta tal que se me
põe o estômago em brasa, o coração em alta velocidade e os olhos lacrimejantes. Dir-me-á que há coisas piores que também me deviam revoltar, e revoltam, mas hoje é esta.
Já há uns tempos que ando para
escrever sobre este assunto, avisei até nessa coisa chamada facebook, mas sendo a revolta grande
pensei que me teria de acalmar para não sair disparate e porque até talvez não
se viesse a concretizar a ideia.
Falo, é claro, da proibição de
circulação em Lisboa de carros anteriores a 2000 e 1996, em diferentes
circunstâncias.
Não me venha com a história de
que vou falar de casos pessoais, pois todos os que têm carro anterior àquelas
datas são casos pessoais, muitos deles iguais ao meu. Quem tem carros mais
novos terá a sua história, com certeza mais brilhante que a nossa. Ainda bem
que todos vocês têm carros novos, significa que ganharam bem, mas chego à
conclusão de que não conhecem os lisboetas, o que é grave.
Nasci em Lisboa, vivo em Lisboa,
pago todos os impostos e taxas que revertem a favor da Câmara. Penso que tenho
direito a tratamento de tapete encarnado, como todos os lisboetas nas mesmas
circunstâncias (pensava mal, pelos vistos!).
O meu bólide (poderá chamar-lhe carcaça
se o entender) vai fazer dezanove anos no próximo mês. Nunca tive dinheiro,
desde que o comprei, para adquirir um novo. Estou a tentar comprar um carro
usado, mas penso que só consigo adiantar uns dois anos à idade do meu actual.
Ando há mais de dez anos em
transportes públicos ou de táxi. A maior prova disso é a quilometragem do dito
bólide (ou carcaça) após estes dezanove anos ao meu serviço: pouco mais de 122.000
quilómetros.
Neste momento sou a única da
família chegada que até tem carro. Se quiser mostrar à minha mãe (outra sua
munícipe que por razões de saúde já não anda) a sua (do Sr. António Costa) tão preciosa
Ribeira das Naus, não posso. Teria de a meter no Metro, calculo. Não acredito
que nenhum dos senhores em consciência (e têm-na?) o fizesse à sua própria mãe.
Não quero saber se isto é por
causa da poluição e multas da Comissão Europeia. Seja criativo, é essa a sua
obrigação, foi para isso que o elegeram, não para escolher os caminhos fáceis
das proibições. Converse com as empresas de transporte e subsidie mais
percursos, converse com os presidentes de câmara à volta da cidade, envergonhe
quem só anda de carro, sei lá, tudo menos proibir os munícipes de mais baixos
rendimentos de poderem atravessar Lisboa nem que seja uma vez no ano. Há muitos
argumentos e alternativas contra esta aberração, mas uma cabeça quente não chega
para tudo.
Não vou ligar à proibição e juro
que se for multada nas pouquíssimas vezes em que andar de carro em Lisboa (será já no Natal?), se
puder levo o caso a um qualquer tribunal português, europeu ou mundial este
atropelo injusto e vergonhoso num momento de crise como este.
Se o Sr. trata assim os seus
munícipes, facilmente se calcula como tratará os portugueses se chegar a cargo
mais alto. Comigo não conte.
Não sei se a CML se esqueceu de um ponto que considero importante. Há carros - agora abrangidos pela proibição - que tem catalisador. O meu é de Abril 1998 e tem.
ResponderEliminarComo é que vai ser, senhores da CML?
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarMeteram os catalisadores no bolso...
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