Queria tanto, mas tanto, tanto, escrever bem...
Palavras, frases, textos, bocados de frases e textos emaranham-se na mente durante semanas, meses, nos sítios e alturas mais inesperados.(que frase mais banal)
Hesitante, tento finalmente passar ao acto. Escrevo. Em papel, normalmente. Cansada do esforço, leio orgulhosa. Depois, releio e corrijo. Releio e corrijo. Releio e corrijo. Cada vez que releio mais me parece banal, possidónio, presunçoso, infantil. Corrijo. Desisto.
Ser funcionária pública fez-me perder vocabulário? Mesmo lendo? Perco o meu tempo na banalidade do dia a dia e não me esforço para não perder ligação à língua?
Mas perdi.
Agora tento reler o que lia aos 16, o que percebia aos 16... Infelizmente não cresci intelectualmente. Decresci. Era tão interessante e culta aos 16... Porque desapareci?
Mea culpa? Provavelmente.
Tenho 2 livros por escrever, aguardando a reforma, que me parece cada vez mais longínqua, e agora sinto que outrém os deverá escrever, não eu.
Então, deleito-me a ler outros, invejosa e triste de não ser capaz... A sombra dos que me precederam esmaga-me. Nunca estarei à altura e isso tolhe-me, censura-me... Que não seja desculpa.
Queria mesmo escrever bem... Gostar do que escrevo.
É raro. Tenho pena.